sexta-feira, 19 de novembro de 2010

... mais um cigarro, mais uma fumaça, mais uma brasa... mais um jack que desce pelo ralo...

***

 Agora, estou em mais uma discussão silenciosa com meus demônios, na chuva, ela ao meu lado, parece uma garota asteca ou inca, um olhar negro, voz rouca, gestos lentos, respiração suave, ela estirada ali, embriagada, mais parece uma onda lenta e estranha, ele fica ali em stand by, em vão minha mão procura um cigarro, a chuva cai sobre nossa testa larga e marcada, TristezZa é seu nome, ela é linda, tem cabelos escuros, olhos sagazes, apetite voraz, sempre que posso bato à porta de TristezZa, afim de me afetar, experienciar, brincar de cientista misturando álcool com alguns alcalóides para e esperamos juntos o agüentar da explosão de atômica que acontece em nossos estômagos, veias e outros capilares. A solução flui, o cérebro se abre como uma rocha seca, o vapor quente de tanto sol esvai... a mercê do acaso, eu perdidos em meus cascos. TristezZa sorri, potencializa meu pau, me abraça contra os seus peitos, os olhos se fecham, boca semicerrada, meu hálito entra por seus ouvidos, ela me devolve o ar na urgência de seus movimentos, a chuva, a saliva, minha língua dançam num ritmo só... junto com o meu apelo para que se expanda e suspenda esse momento, esse tempo que possamos cobrir nossa insônia, descobrir nossa ciência presa aqui dentro do pâncreas, no fígado e nos pêlos e com tantos líquidos me sinto banhado pelo Mar Oceano...
...agora, aqui no chão, a umidade da chuva não me deixa distrair-me e não me deixa parar de tremer, ela deita a cabeça no meu colo, o corpo na água que seca lentamente, a língua adormecida, misturas de H2O em várias facetas, sólidas carícias, amores líquidos, vapores de prazer saindo de nossos poros, pupilas dilatadas, os ossos em movimentos, o frio me corroendo. Por uma via a fuga, a distancia de mim mesmo, o frio que congela as sinapses, o hálito quente no meu ventre e vejo meus 12 reflexos no olhar de uma mosca, tempo úmido e eu cultivando a tristeza como quem cultiva fungos.
***
... mais um cigarro, mais uma fumaça, mais uma brasa... mais um jack que desce pelo ralo...  

***
...posso reconhecer Tristezza em qualquer geografia, nas veias doentes da perna de sua mãe, num poema de Eliot, nas veias abertas da América Latina, na City, num morro, num novo morrer, em plantações de morangos mofados, em crianças jogando o jogo da amarelinha, em Hollywood, em Viena, ou em qualquer Pilar perdido por aí nesse cerrado... 





Nenhum comentário:

Postar um comentário