quarta-feira, 1 de junho de 2011

linhas em branco...


A linha que corta a página me divide em dois, me divide o raciocínio que deveria ser continuo, que deveria ser meu, mas que está em uma página que ainda não li de um livro que não conheço, de um poeta que não existe. Talvez, a volta para a casa, andando pelas ruas que eu acho que conheço me levam para o lugar onde eu não quero estar, mas sei que devo estar, que não suporto, mas sei que preciso. A música que escuto enquanto caminho me leva, me guia, me faz sonhar com o que eu quero, mas sei que não existe. Talvez a felicidade que busco esteja engarrafada e perdida em um mar que só existe em mim, tão vasto, tão grande, tão meu, tão inalcançável, e assim continuo perdido entre ruas que não me levam a lugar nenhum, entre ondas que me jogam contra pedras. Talvez eu esteja naufragado e não saiba, mas quem saberá além de mim? Talvez, a poesia esteja no silêncio que eu não conheço, mas sei que existe, talvez tudo que eu entenda seja um reflexo de mim, um reflexo desconhecido, mas sei que é meu. Quem sabe minha loucura seja perdoável, quem sabe eu esteja de volta ao acordar?

às vezes...



Às vezes...mas só ás vezes.

As vezes a mão não acompanha o raciocínio, me perco dentro de mim, e o que é pra sair, não sai, se perde, isso vem de outro lugar, mas pode ser que saia por aqui, mas às vezes a inspiração vem através de uma caneta sem tampa, em uma noite fria que não acaba, que  mostra por um momento pequeno que a capa de uma atlas pode carregar o céu nas costas e sustentar as estrelas  no céu penumbrante e sórdido nos meu olhos.
Oh, meus olhos que não me deixa mentir, pois camufla todo o ser dentro de uma lente invertida, mas que mesmo assim me mostra as cores que não sei se existem... mas a paciência mesmo que num volume baixo na madrugada fria, me ensurdece o silencio... afinal, a vida é rara... É um passo de valsa, um giro encantado que nos vicia. Será que temos tempo? Será que o tempo nos deixar lembrar isso? Será que essas linhas tortas que escrevo olhando o buraco negro que se abre diante disso tudo tem algo de mim? Mas, só as vezes sinto que tudo vale, que tudo existe, que uma viagem de ônibus me leva a mim mesmo, que leva a sentir o que quero, já não sei se isso é verdadeiro, mas as vezes,  só as vezes mesmo, sinto falta da pessoa que me torna, falta do atlas segurando o céu pra que eu não me preocupe com o amanhã que deve nascer assim que fechar meus olhos...