segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

, o crepúsculo conversa, sua voz rouca e cansada entra no ouvido, e o peso toca o fundo do coração. Sua voz é lenta, sua fala é pausada, sua voz é velha e muito sábia ...





A cidade surge por detrás às árvores, a cidade é cercada por tortuosas árvores, galhos emaranhados uns nos outros, em volta da cidade há seres invisíveis que visitam as famílias durante o sono da madrugada, a noite é quente. Para ir de uma cidade a outra caminha-se horas debaixo do céu, caminhos de pedras e arvores.  Dormem suspensos do chão, longe de seres rastejantes, longe de qualquer lâmpada acesa, aqui se enxerga com a experiência vivida e aqui enxerga-se vagalumes durante a noite escura e escuta-se o cantar dos sapos. Aqui nessa cidade não há árvore genealógica, há um mosaico genealógico, onde as peças mesmo que tortas como os galhos são importantes e se harmonizam numa forma sincera, bonita e desesperada. Quando o sol vai indo pro Japão, o crepúsculo conversa, sua voz rouca e cansada entra no ouvido, e o peso toca o fundo do coração. Sua voz é lenta, sua fala é pausada,  sua voz é velha e muito sábia, o tempo é alaranjado, estamos perto do El Dorado, perto do bico do papagaio, é alaranjado como a cachaça de mel que escorre em sua vida, na boca o mel e o álcool descem junto com a carga de emoção garganta a dentro e com um arrepio inicio minha epopéia, da ponta do pés, dos cigarros dos fiapos, reconstruo o meu mosaico, que agora está mais completo e colorido. O crepúsculo é a primazia da vida gasta desde dos séculos passados, fonte de conhecimento de mim mesmo, leio –me naqueles olhos, decifro-me naquele timbre de voz, uma voz infinita, carregada de símbolos, sentidos, mostrando que cada respiração é digna de uma celebração.