sábado, 13 de novembro de 2010

... essas fumaças sempre me ofuscando, isso é sublime...

As fumaças adquirem forma, viram hologramas Bradley materializa-se através de uma fumaça densa, da fumaça do desespero, Bradley me chama, me oxigena, me traz o úmido, me leva à Califórnia, (Bradley tem sido um defunto muito amigo), ouvir o Bradley falar, gritar, tecer filosofias, sussurrar enche meu peito, meus olhos estufam como se fosse explodir, a glote fecha, os olhos se enchem, a nostalgia cai como uma gota no crânio e desce, desce, passa pela barriga, estômago, e desce, desce. Uma fumaça que me leva para 1996, fatídico ano em que Bradley deixou a Terra 21 gramas mais leve, sua voz nunca morreu, nunca expirou, seu coração ainda bate por aí, Bradley me traz a lembrança de que a vida é um fôlego, e que logo, logo não me queixarei de dores e dúvidas, Bradley faz com que meus pensamentos sigam caminhos adversos, sinceros e estranhos, eles saem do cano, jorram para todos os lados, como a voz rouca e sofrida de Bradley, imagino sempre qual teria sido seu ultimo pensamento antes da heroína o resgatar.
            ... essas fumaças sempre me ofuscando, isso é sublime.



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