domingo, 7 de novembro de 2010

andar de onibus...

 

Andar de ônibus pelas ruas dessa cidade é uma penitência, quando para-se em semáforos, tenho nesses momentos, nos segundos de espera, um fluxo de idéias, sons, realidades entrando em colapso, fugas temporais, confusões. Pela areia consigo
enxergar os caminhos externos, marcados no chão, como faixas ensinando por onde ir
e onde pisar, estão pavimentados, sempre ali nos dando ordens, ditam o tempo,
industrializam meu humor, a vida sendo tragada, desgastada pela escalafobética
rotina, os caminhos de asfalto são assim, sempre previsíveis, sempre na direção
"certa", já os caminhos internos, os trieiros de minha mente são imprevisíveis, me
enganam o tempo todo, permanecem escuros na maior parte do tempo, são sempre
de mão dupla. Placas de "Perigo, prossiga!", "Vire a esquerda e goze!", "Passe o sinal
vermelho e queime-se!", "Acostamento à direita, encoste, durma, sonhe!". A vida está
a deriva, sempre exigindo, sempre me pedindo decisões, perguntando onde, porquês,
sempre me angustiando, eu ainda estou no primeiro degrau dessa máquina ...

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